1992? Não, 2021 mesmo.

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DO INCT-INFORMAÇÃO QUÂNTICA 

13/10/2021

O Exterminador do Futuro II    

Em 24 de agosto de 1992 a Folha de São Paulo publicou o artigo “O exterminador do futuro” cujo autor, Prof. Moyses Nussenzveig é Físico, Professor Emérito da UFRJ. Abaixo reproduzimos, com poucas adaptações,  alguns parágrafos do artigo, sem citar nomes das equipes de governos.

“O que têm em comum Arnold Schwarznegger com a equipe econômica do governo Collor?  Ambos desempenham o papel de `exterminadores do futuro’, embora em sentidos diversos: o ator, representando o cyborg enviado do futuro para eliminar, no presente, ameaças potenciais; a política  econômica do governo, exterminando a ciência brasileira —  e juntamente com ela, nosso futuro.”           

“Para os geniais economistas do ministério, não  importa  cortar as carreiras de milhares de jovens talentosos e promissores  que estão sendo formados no país? As verbas totais para financiamento  da pesquisa são reduzidas a um nível tão irrisório (menos de US$ 50 milhões, nem sequer a décima parte do mínimo necessário)… O secretário de Ciência e Tecnologia, com toda razão, considera dispensável a existência da Secretaria nessas circunstâncias: a proposta, caso prevaleça, é a própria crônica da morte anunciada, o atestado de óbito da ciência no Brasil.”

É muito triste acompanharmos o descaso com a Ciência em 2021, na gestão Bolsonaro, reproduzindo exatamente a situação em 1992 com Collor na presidência. Nos dois casos a meta principal do governo passou a ser a preservação do próprio governo, como disse o Prof. Goldenberg no seu pedido de demissão ao Presidente Collor. Há diferenças nos protagonistas e motivações nos dois momentos, mas o impacto sobre as pesquisas, sobre os cientistas e seus estudantes, bem como os danos ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil são os mesmos. O já pífio orçamento total para pesquisa de US$ 50 milhões de 1992 superaria o que está alocado hoje – menos de R$ 90 milhões ou cerca de US$16 milhões (sem contar a inflação), isso para cobrir um sistema que foi largamente expandido ao longo dos 30 anos que se seguiram ao governo Collor, tanto na academia quanto na ciência aplicada à indústria e desenvolvimento tecnológico

Em nome dos pesquisadores do INCT-IQ, manifestamos nosso total apoio ao documento de entidades comprometidas com o progresso da Ciência “contra a manobra sorrateira do Ministério da Economia  que retira recursos do CNPq”, assinado por 8 entidades científicas, inclusive a SBPC e ABC.

Belita Koiller, Amir Caldeira, Carlos Henrique Monken, Paulo Henrique Souto Ribeiro, Antônio Zelaquett Khouri, Daniel Felinto, Marcelo Santos

p/Comitê Gestor do INCT-IQ